sábado, 10 de janeiro de 2015

alguns poemas de "Uma violenta orgia universal" - desaconselhavel aos puritanos.

elegia trancendental






uma estrelinha no céu morreu.
as outras fizeram-lhe enterro.
as nuvens choraram.
a lua fez o velório.
jesus celebrou uma missa.
e eu fiz esta elegia
enquanto o céu ficava de luto.






A FORMIGA E A GOTA D'ÁGUA



PASSEI EM BAIXO DO EDIFÍCIO JALCY.
QUANDO DO AR CONDIONADO,
UMA GOTA D'ÁGUA CAÍ NO MEU BRAÇO NU.
NA PRESSA DE LIMPAR O BRAÇO,
VI QUE UMA FORMIGA SE APROXIMAVA.
DEI UM TEMPO. A FORMIGA BEBEU A ÁGUA.
SAIU. ESPANTEI A FORMIGA E ENXUGUEI O BRAÇO.




Uma violenta orgia universal



Olhei o sol.
Me irreitei
E larguei a mão na cara dele.
No qual ele ficou
Desacordado por 12 horas ininterruptas.
Dei um ponta-pé nos ovos da terra.
Afastei São Jorge
E mantive relações sexuais com a lu\.
Pisoteei o cadáver de satanás
Numa esquina encontrei-me com Deus
E saímos abraçados: rindo e cantando.... Chovia


metamorfose



Ontem,
Ao meio- dia,
Comi um prato de lagartas
Passei a tarde defecando borboletas.”


AÇÃO GIGANTESCA


Beijei a boca da noite
E engoli milhões de estrelas.
Fiquei iluminado.
Bebi toda a água do oceano.
Devorei as florestas.
A Humanidade ajoelhou-se aos meus pés,
Pensando que era a hora do Juízo Final.
Apertei, com as mãos, a terra,
Derretendo-a.
As aves em sua totalidade,
Voaram para o Além.
Os animais caíram do abismo espacial.
Dei uma gargalhada cínica
E fui descansar na primeira nuvem
Que passava naquele dia
Em que o sol me olhava assustadoramente.
Fui dormir o sono da eternidade.
E me acordei mil anos depois,
Por detrás do Universo."


Bate-Papo



- rapaz, não quero nada
Porque to de papo cheio.
- ih! É por isso que senti um bafo.
-bafo de mim não. Você pode ter sentido
Perfume ou pré-fumo. porque perfume ou pré-fumo
O que confunde é o “F” é o “R”.
mas todos nós somos errados.


A louca e o manequim




A menina louca, maltrapilha e suja,
Parou em frente à vitrine da Casa Parente,
E estática olhava para um manequim feminino.
Olhou... olhou... pensou... pensou...
Dado momento perguntou:
“ta com fome, égua?”
Esta pergunta causou-me
Certa impressão, o poeta,
Que também já conversou com os manequins.
Eu dissera: “se fosse realmente mulher
Como és de gesso,
Te daria um prato de comida.”
Será que essa louca é
A personificação da poesia?






Quando eu morrer




Quando eu morrer
Irão distribuir minhas camisas,
Minhas calças, minhas meias, meus sapatos.
As cuecas jogarão fora.
Ninguém usa cueca de defunto.
Irão vascular minha gaveta.
Vão encontrar muita poesia,
Documentos e documentários.
Só sei dizer
Que foi gostoso viver.
Sentir o amor e proteção de minha mãe.
De conhecer meus irmãos, meus amigos.
De vê de perto as mulheres.
Só posso deixar escrito:
“obrigado vida”.


Momentos cruciais


Assim como a saudade
Possui resquício de realidade,
cada cueca ou calcinha usada
Possui resquícios de bosta.
Ah! Como dói
Água gelada
No dente cariado!
É necessário o dentista
E o protético
Para mastigar com sabor
O alimento que preserve à vida.
No sonhar contigo,
Ao acordar devemos dar
Graças a Deus
Por mais um dia de existência,
Antes que a depressão
Ou a doença nos aniquile

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